Parthak
Primeira
entrevista de 2020 no VIOLENT NOISE. É com orgulho que aqui recebemos, para uma
breve conversa, o PARTHAK, grupo baiano que faz um Progressive Death Metal.
Conversamos com Humberto, o vocalista, e ele nos falou um pouco sobre a
trajetória da banda, a repercussão do primeiro trabalho, a rotina de shows, o
cenário do Metal na Bahia e diversos outros assuntos.
Confiram a
entrevista e apoiem o nosso underground. Demais detalhes também podem ser
obtidos no Facebook oficial do grupo.
Apreciem,
divulguem e prestigiem!
Como se deu a
origem do grupo e de onde vem o nome?
Humberto: A banda nasceu após a
dissolução de duas bandas da cidade: uma praticava Metal Melódico aliado ao
Progressivo e a outra executava um Hardcore/Punk. Ao término desses dois
projetos, membros de cada um dos grupos resolveram se juntar e formar uma banda
de Metal que aliasse a vertente extrema, porém com linhas melódicas. Então eu
fiquei nos vocais e Jackson Lima no baixo. Nós vínhamos da ANEURISE, banda de
Hardcore/Punk, mas nossa “onda” era mesmo o Death/Black Metal enquanto que Neílton
Filhho (bateria) e Robson Santana (guitarra) vieram da DARKNESS ANGELLS, ambos
com influências de Heavy e Progressive Metal. Iniciamos as atividades nos idos
de 2007 com o nome de LEMURIA e nossa primeira apresentação se deu com esta
alcunha, que ainda bem só durou naquele show, pois durante o trajeto de ida
nosso baterista sugeriu que mudássemos para PARTHAK. Daí fui pesquisar o nome e
gostei da sonoridade da palavra. Dela nasceu todo o conceito do primeiro álbum,
pois havia um personagem literário com essa nomenclatura e, numa
improbabilidade do acaso, descobri que era de origem indiana e significa terrestre.
Quais as
principais influências musicais e como está a formação da banda hoje?
Humberto: Nossas influências
calcam-se nas principais vertentes do Heavy Metal em geral, tendo como base
desde as bandas tradicionais do gênero a grupos que praticam um som mais
agressivo dentro do Death e Black Metal. Como cada integrante viaja num
determinado gênero, passeamos por Doom, Thrash e Progressivo aliando às nossas
pegadas regionais como música nordestina praticada em nossa área geográfica.
Dizemos nos bastidores que vamos desde SAXON ao DARK TRANQUILLITY com uma
pegada sutil em Alceu Valença. A banda hoje está com formação recente incluindo
eu, Humberto Amorim, Neílton Filhho (integrante que retornou), Ítalo Rocha
(novo guitarrista) e Júnior Moreira (novo baixista). O mais curioso é que
havíamos nos juntado numa banda que temos de Hard Rock/Blues, a ALCATEIA CIVIL,
que tem músicas em português e daí nosso baterista sugeriu que usássemos a
mesma formação para voltar com a PARTHAK. Deu certo!
O grupo começou
em 2007 e depois de um tempo parou retornando posteriormente. Por qual motivo
interromperam as atividades?
Humberto: Por incrível que pareça paramos porque chegou a um
estágio que fazíamos muitos shows e alguns dos membros cansaram de esperar a
banda, digamos, estourar no cenário nacional. Éramos mais jovens, impacientes,
talvez ansiosos demais e isso atrapalhou um pouco. Além disso, houve
desentendimentos normais que minam a maioria dos grupos do Underground
brasileiro. Temos até hoje mais admiradores na Rússia, local onde até uma
distribuidora queria lançar nosso primeiro álbum, mas poucos conhecedores em
nosso próprio país. Esse fato fez com que alguns dos membros originais fossem
se desiludindo com a cena. Ao perceber que estava quase levando essa barca
sozinho sem muito interesse da banda como um todo, eu decidi sepultar o grupo
entre 2015/2016.
Como se deu a
gravação do álbum “Red Sorrow” e que impacto este trabalho trouxe para vocês?
Humberto: Na
época aproveitamos que uma banda de Progressive Metal da cidade, a SERTANNIA,
estava gravando e ficamos na fila, pois alguns dos membros da PARTHAK tocavam
nessa banda. Quando o disco desse grupo estava finalizado, automaticamente
iniciamos o processo de registro do nosso, o que conferiu caraterísticas em
comum entre as bandas. Havia certa diferença na orientação vocal e no conteúdo
das letras. Nosso álbum era conceitual e contamos com participações de Pedro
(naquele tempo vocalista da HUMAN) e de Anderson Pinheiro (vocal da SERTANNIA)
e foi tecnicamente rápido, pois já tínhamos as músicas basicamente prontas para
narrar os fatos descritos no disco, o qual estava embasado no livro “Os Deuses
de Marte”, de Edgar Rice Burroughs. Este trabalho nos levou a fazer muitos
shows na região e a ser a primeira banda de Metal da cidade (Euclides da
Cunha-BA) a tocar na capital (Salvador-BA) e fora do Estado. O mais legal e
importante, fomos aceitos e bem ouvidos na Rússia, em pequenos países europeus
e em nossa região que é parte do Sertão nordestino.
Como está a
rotina de shows?
Humberto: A
banda estava parada, retornamos no final de 2019 e já com um show num grande
festival anual, que havia retornado também, de nossa cidade. Já temos mais
shows em andamento. Há um evento só com bandas mais extremas em fevereiro e um
festival no interior de Pernambuco com bandas já consolidadas da cena nacional
como SILENT CRY e ESCARNIUM. Provavelmente quando nosso novo álbum estiver
pronto teremos mais apresentações para agendar.
Há planos para o
lançamento de um Full? Conte-nos um pouco sobre.
Humberto: Nosso
segundo Full-length deve sair antes do mês de março neste ano corrente de 2020.
Este disco deveria ter saído em 2012, mas devido a problemas internos na banda
adiamos bastante e, por fim, o grupo se dissolveu em 2016 e a partir daí o
projeto foi arquivado. Agora, com nosso retorno, finalmente o álbum “Migrants”
vai sair do “forno”. Iremos buscar distribuidoras, se não houver interesse é
provável que lancemos de forma independente em formatos físico e digital. Assim
como no primeiro álbum, é uma obra conceitual que narra os percalços na saga do
nordestino que sai de seu território e migra para outras localidades do país em
busca de melhorias, mas enfrenta as adversidades que lhe são impostas. Há nas
músicas influências das obras de Augusto dos Anjos e Álvares de Azevedo.
Como é o cenário
Underground local na Bahia? Quais as maiores dificuldades que uma banda pode
encontrar nessa localidade?
Humberto: Nosso
cenário se pauta em eventos esporádicos durante o ano, com shows em uma
hamburgueria/bar alternativa que há na cidade. Nos locais próximos ocorre com
frequência regular com oferta de bandas dos mais variados estilos, desde o Pop
Rock ao Metal tradicional e extremo. Não há grandes shows com bandas
consagradas a não ser em outros Estados do Nordeste, como o Abril Pro Rock em
Recife-PE, porém ocorrem eventos de forma irregular durante os meses com bandas
mais undergrounds. Mas, todo ano tem um cast ali e acolá que movimenta o
cenário baiano. A dificuldade muitas vezes está no equipamento de som e na
falta de profissionalismo de alguns produtores e bandas locais. Nesse quesito é
necessário melhorar e muito as condições para que haja uma boa apresentação. O
mínimo é uma aparelhagem de som satisfatória, mas de vez em quando nos
deparamos com boas estruturas de show. Um dos grandes problemas também é a
presença de público.
O espaço é de
vocês. Deixem seu recado.
Humberto: Ouçam
as bandas nacionais, tem muita coisa boa sendo produzida em nosso país! Apoiem
os grupos comprando seus materiais, se não houver condições financeiras para
isso, ajuda muito se flertarem, comentarem e visualizarem os trabalhos
produzidos. Acompanhem-nos nas redes sociais e mídias digitais. Valorizem a
cena underground brasileira que é uma das mais respeitadas e prolíficas do
mundo. Leiam bastante livros e se “armem” de conhecimento!
Fotos: Arquivo da Banda
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