StomachalCorrosion
Formado em
janeiro de 91, o STOMACHALCORROSION é uma das mais antigas bandas extremas do
Brasil. Após passarem por diversas mudanças na formação, problema este que
ocorre em quase todos os grupos, o line-up se firmou em 2017. O VIOLENT NOISE
recebe, com muita honra e orgulho, o guitarrista Charlie Curcio para uma breve
conversa. Aqui ele nos relata um pouco da trajetória do grupo, as influências,
o contrato com a Cogumelo Records e a visão deles em relação ao cenário.
Confiram a
entrevista e vamos apoiar o nosso Underground. Maiores detalhes também podem
ser obtidos nas Redes Sociais da banda.
O
STOMACHALCORROSION é uma banda formada em 91. Conte-nos como foi o início de
tudo.
Charlie Curcio: Eu havia passado por algumas bandas e, na
última que toquei, não gostei dos rumos que estavam dando a ela. Mesmo eu sendo
membro fundador, decidi sair e começar um trabalho como eu gostaria que fosse,
algo que eu tivesse mais voz ativa e pudesse decidir como as coisas seguiriam.
Nunca tive comportamento de líder ou dono da banda dando voz ativa a todos que
sempre passaram e estão nela até hoje, mas é claro que algumas viagens e
devaneios que surgiram foram podados, como uma vez que uns caras que estavam na
formação queriam que o SC virasse uma banda cover do Slipknot só
porque, segundo eles, era a moda no Metal naquele momento. Voltando ao começo
de tudo, realmente as dificuldades eram gerais, não tínhamos instrumentos,
equipamento, nada. Lembro de um ensaio que nem palheta eu tinha (risos).
Vocês passaram
por várias mudanças na formação no decorrer deste tempo. Como está o line-up do
grupo hoje?
Charlie Curcio: Desde que voltei a morar em BH que a
formação se mantém praticamente a mesma, pelo menos no núcleo de guitarra,
bateria e vocal. Tivemos algumas instabilidades com baixistas, mas com a
entrada do atual, as coisas tem tido uma regularidade. Chegamos a ter a
participação do Rodrigo F., das bandas Holocausto e Certo Porcos,
para uma gravação e um material que saiu no 3-Way Nipshit (SC, Cleptophagia
e Perfusion Blood). H0je estamos com a seguinte formação: Saulo nos
vocais, Charlie na guitarra, Hash Golem no baixo e Fred na bateria.
Como se deu a
escolha do nome e o que quiseram passar para o público?
Charlie Curcio: Mesmo quando eu ainda tocava nas
primeiras bandas, Insania, Diarrhea e Interitus, que eu
pensava em ter alguma banda com o nome tendo algo como Corrosão, Corrosion ou
Corrosive, por sofrer grande influência do Corrosion Of Conformity e o
disco “Animosity”. Então, uma noite que eu voltava pra casa completamente
bêbado, logo no dia que saí do Interitus, acabei pensando neste nome, StomachalCorrosion
(sim, junto) e comecei a trabalhar nos sons, letras, logotipo, biografia, etc.
O nome em si não tem nenhum sentido, é até um nome tolo, reconheço, mas acabou
ficando com o tempo e não tem nenhuma preocupação com mensagem ou algo assim,
isso fica mais para as letras mesmo, mas confesso que nunca tive este
pensamento de passar mensagens ou tentar mudar o pensamento de alguém, as
letras são apenas um reflexo de algum momento de indignação tanto minha como de
alguém que venha a escrever algo.
Quais as principais
influências da banda?
Charlie Curcio: O SC é da época em que as bandas GrindCore
estavam surgindo e era este meio que me fazia pensar em estar inserido.
Reconheço que houve um pequeno pedaço de tempo que minha maneira de compor era
muito baseada em bandas como Rot e Agathocles, Napalm Death
antigo e Abominog, mas eu mesmo e os caras que estavam nas primeiras
formações fomos moldando o estilo e acredito que logo passamos a ter um estilo
meio próprio, mesmo não apresentando nada de tão inovador e cheio de misturebas
como algumas bandas fazem tentando criar algo inédito e na maioria das vezes só
apresentam um som sem pé nem cabeça. Por isso que eu já há muito tempo não sei
se somos realmente GrindCore e nem sei se “os donos” do estilo nos aceitam como
tal, mas isso não me preocupa nem um pouco.
Vocês já lançaram
alguns materiais com bandas do exterior como AGATHOCLES e JAN AGX. Quais as
repercussões deste tipo de lançamento na carreira da banda?
Charlie Curcio: Acompanho o Agathocles desde seu começo
quando lançaram sua fita demo “Cabbalic Gnosticism” e em 1994 lançamos uma Split
Tape com eles. A repercussão sempre é a melhor possível. Nos dois Split CDs
procuramos gravar material novo e em estúdio, recebemos bons comentários tanto
nos Split CDs como na fita de 96.
Vocês assinaram
um contrato com a Cogumelo Records e irão lançar um CD. Como isso ocorreu? O
que o público pode esperar deste material? Qual o nome do álbum?
Charlie Curcio: Conversando com o dono da Cogumelo, perguntei-lhe
sobre a possibilidade de entrarmos para o selo, ele me disse para prepararmos
um material e o apresentarmos. Assim o fizemos e acabamos assinando o contrato
para um CD que poderá ser lançado em outros formatos no futuro, como vinil e
cassete. O álbum tem apenas o nome da banda, StomachalCorrosion, e vem
com vinte e um sons mais uma introdução. É o primeiro material oficial nosso
que conta com intro. Eu particularmente não curto esse artifício no SC,
mas principalmente nosso vocal, o Saulo, insistiu em incluirmos algo dentro do
conceito de toda a arte da capa e encarte, e acabou dando certo. A meu ver este
é um material muito bem feito e pensado por toda a banda, está muito pesado,
rápido e em um estilo bem uniforme em todos os sons. A qualidade da gravação
está muito fudida. Esperamos que os maníacos por som no nosso estilo curtam.
Underground no
Brasil é?
Charlie Curcio: Levo a vida no meio Underground muito
a sério, e esta seriedade é refletida no meu trabalho em minha banda, mas ainda
tem cara que acha que ter banda e fazer um zine, blog, site ou ainda organizar
shows é brincadeira de moleque sem nenhum compromisso. Ainda aparece muito
aventureiro metido a “salvador da cena” pensando que fazer qualquer coisa de
qualquer jeito é ser Underground, podrão e estas viagens infantis. Ainda tem
cara de banda mendigando palco em troca de ouvir “tô fazendo o favor de colocar
vocês pra tocar no meu show”. Ainda tem muito cara fazendo pouco caso de quem
quer trabalhar sério, de armar um esquema satisfatório para todos no meio.
Falta os caras acordarem para a realidade das coisas, saberem que só no dia que
houver um entendimento e respeito no Underground é que este meio será favorável
para que pessoas sérias e comprometidas permaneçam trabalhando por aqui. Ainda
tem o velho caso de cara que monta zine, sites e blogs só pra receber material
em troca de um comentário feito de qualquer jeito, enquanto a coleção de
material do editor só cresce e sem gastar nenhum centavo. De uns tempos pra cá
até coisas de programelhos de TV têm ocorrido no meio Underground, como
sensacionalismos, documentários e vídeos que só trazem discórdia e intrigas.
Isso ocorre por causa das trocas de ofensas por parte de pessoas que não sabem
respeitar uns aos outros e se portam como os donos do estilo, seja Metal, HC,
Grind, ou o que for.
Estamos
encerrando nossa conversa. O espaço é de vocês. Mandem uma mensagem aos fãs e
seguidores do grupo.
Charlie Curcio: Só posso agradecer pelas perguntas e o
espaço para expor meus pensamentos com relação a alguns assuntos e apresentar a
banda a quem ainda não a conhece e aos que já nos acompanham nesta trajetória
corrosiva. E saibam, apoiar o Underground não se resume a compartilhar
mensagens e vídeos no Facebook e outros meios. Há de saber que as bandas têm
vários gastos constantemente para se manter, a criação de material é para
tentar ajudar estes gastos. Se você gosta de determinadas bandas, compre seu
material, vá aos shows e entenda que assim é o meio Underground, esta é nossa
cultura. Parem de boicotes e mimimis fúteis, vamos voltar a ter força e
expansão, chega de tantas intriguinhas e futricagens.
Obrigado.
Contatos:
Facebook
Obrigado.
Contatos:
E-mail: charliefcurcio2@gmail.com
Fotos: Arquivo da banda
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