Eternal Sacrifice


É com grande honra e orgulho que o VIOLENT NOISE realiza uma breve e consistente entrevista com o ETERNAL SACRIFICE, horda oriunda de Salvador/Bahia que pratica um Pagan Black Metal e é um dos grandes representantes do gênero em nosso país. Conversamos com Naberius, o vocalista, e ele nos deu vários detalhes como a criação da horda, influências musicais, problemas enfrentados, o lançamento do terceiro álbum e outras particularidades.

Confiram a entrevista e vamos apoiar o nosso Underground. Demais detalhes também podem ser obtidos no Facebook Oficial do grupo.

Conte-nos como foi o começo de tudo.

Naberius: No final de 1993, eu (Naberius) e Zaebos Archangelis (Guitar/bass) nos unimos a outros dois asseclas (Gadianton e Zaraphiel) e iniciamos um trabalho voltado para as hostes ocultas através da poesia e da música obscura. Todo nosso interesse sempre foi nos brindar com algo que preenchesse nosso ser, nosso ego e nosso espírito. Como tudo na arte, o artista propõe e quem se identifica abraça, ou seja, nos preocupamos primeiro com o que nos satisfaz e propagamos sentimentos nossos. Com isso, logo hynnos pagãos foram construídos e erguidos sob a égide de uma filosofia oculta, voltada totalmente à mão esquerda. Da formação original, hoje, somente eu permaneço.

Como se deu a escolha do nome e elaboração do logotipo?

Naberius: A concepção do nome tem toda uma relação mística com a entrega da matéria à ligação metafísica. O homem é um ser de expiação infinita, uma busca incessante por respostas a sua existência e isso é um sacrifício, visto que nós somos seres dúbios e ao mesmo tempo as forças terrenas nos levam à avareza, à loucura, à ambição, ao materialismo, aos excessos. Fracos como somos procuramos a redenção, incautos e hipócritas! Estes se apegam aos dizeres de outros homens do passado com seus escritos metafóricos de interpretação vasta, se agarram como se fosse a última gota de orvalho em seus olhos cinzentos... Nosso nome significa a negação, a inversão. O logo foi elaborado e desenhado por mim, tentando traduzir o que sentíamos quando a horda nasceu e até hoje a representatividade deste selo é magnânima para nós!

Quais as principais dificuldades que vocês enfrentam ou já enfrentaram?

Naberius: Enfrentamos duas grandes dificuldades durante nossa existência. A primeira e mais marcante foi a inconstância em nossas formações, coisa que acontece até os dias atuais. Posso dizer que encontrar baixistas que sejam sérios, compromissados, que se aliem à filosofia da banda e tenham coragem, é um grande problema. A segunda dificuldade, creio que para a maioria das bandas de Metal no Underground, é o dinheiro! Não há como desenvolver um bom trabalho sem ter como financiar, a contento, todo seu projeto.

Em geral, os nomes das composições que vocês executam são muito longos. Há algum motivo específico? Como vocês chegam aos nomes?

Naberius: Sempre quisemos seguir nosso próprio rumo e fugir dos clichês, tanto no que escrevemos quanto no que compomos, apesar de nos rotularmos musicalmente dentro do Metal Negro. A princípio tudo isso soou muito natural para nós, certamente tem que ver com nossos caminhos próprios na esfera do Metal Negro. Temos como ideal criar músicas que transcendam barreiras, que estejam além dos estereótipos que nos cercam e as letras, títulos e hynnos seguem o mesmo rumo natural, do estranho, do novo, porém sempre verdadeiro.

Quais as principais influências musicais da horda?

Naberius: Ao longo do tempo fomos nutrindo a certeza que as bandas da época em que surgimos são nossas principais influências, sem negar as bandas mais jovens, mas as bandas mais antigas tinham algo que, inexplicavelmente, nos cativa mais que hoje. Para a linha de música que nos propusemos a fazer, estávamos mais próximos de bandas como Bathory, Celtic Frost, Mercyful Fate (sim, eu acredito piamente que esta é uma banda de Metal Negro) Mortuary Drape, Opera IX, Candle Serenade, Diabolical Masquerade, Ancient, os primeiros registros do Moonspell, Rotting Christ, Necromantia e Samael. Um tipo de Metal mais místico e cadenciado, além de, na época enxergar no “A Blaze in the Northern Sky” do Dark Throne, um divisor de águas no Metal Negro. Certamente, estes foram os nossos principais influenciadores no quesito musical. No quesito lírico, a literatura ocultista é nossa maior fonte de inspiração, sem sombra de dúvidas.

Recentemente vocês lançaram o último Full: “Ad Tertivm Librvm Nigrvm”. Qual o impacto deste lançamento?

Naberius: Estou percebendo uma repercussão gigantesca sobre esse novo opus, têm sido surpreendentes as críticas tanto do público quanto da imprensa especializada. Considerando que o lançamento ainda vai completar um mês e já teve toda essa repercussão.



Outro dia, em uma Rede Social, um membro de uma banda de Metal disse que música é entretenimento e não necessariamente deve haver uma ideologia ou ligação política. Como vocês se posicionam em relação a um tema como este?

Naberius: Acho isso muito relativo. Não acredito que arte seja entretenimento pura e simplesmente. A arte na história sempre teve um papel de protagonismo, seja por questões sociais, religiosas, políticas, humanas, como o elemento cultural se posta, se posiciona! A arte é um meio de expressão humana que não tem limites e nem deve ter e quando alguém rotula a arte como mero entretenimento, esta pessoa está tendo uma opinião medíocre e limitada, a arte vai além e está sempre à frente do ser humano comum. O artista tem algo que a filosofia explica muito bem quando Hegel diz: “Se se quiser marcar um fim último na arte, será ele o de revelar a verdade, o de representar, de modo concreto e figurado, aquilo que agita a alma humana...”

Ademais, as pessoas confundem obra de arte e o indivíduo. O indivíduo é livre e sua obra uma peça. Muitas vezes essa peça traz em si mesma toda a ideologia individual, porém a arte existe para trazer uma reflexão além e não está dissociada do mundo concreto, do mundo terreno, a política, a ideologia, a filosofia, etc. não estão separadas como todo.

Somos de um tempo que as bandas tinham de dizer a que veio. Não era só música e dá para perceber quando uma banda de Metal está ali só para se consagrar pela música e quando está mostrando todo seu sentimento verdadeiro, tanto no que toca quanto no que diz, fica tudo estampado nos olhos de cada integrante.

Quais as novidades em relação a shows e com qual horda vocês se sentiriam honrados em tocar?

Naberius: No momento estamos agendando shows e o mais próximo será no dia 10 de novembro, aqui em nossa cidade, para lançamento oficial de nosso terceiro álbum “Ad Tertivm Librvm Nigrvm” que será tocado na íntegra. Iremos dividir palco, neste dia, com Hecate, Mystical Fire e Arkhõn Tõn Daimoniõn.
Quanto a tocar com outras bandas, confesso que já tive ambições de tocar com algumas e a maioria delas conseguimos tocar juntos, mas hoje não pensamos muito sobre isso. Acho que o importante é a celebração, ter bandas que batalham pelo Underground, que compartilham das mesmas “crenças” ideológicas e tenham irmandade e respeito mútuo. Isso nos importa mais hoje que simplesmente tocar a qualquer custo.

Vamos finalizar nossa conversa e gostaríamos de deixar o espaço aberto para que vocês mandem um recado aos que nos acompanham.

Naberius: Agradecemos muito pelo espaço cedido, espero que aqueles que estão lendo essas palavras procurem conhecer não somente a horda ETERNAL SACRIFICE, mas um monte de bandas que fazem trabalho legítimo dentro do Underground há anos, que dêem valor aos trabalhos lançados das bandas, principalmente ao material físico, pois é isso que vai fazer o Metal de seu país continuar existindo e fortalecido, robusto, é ir aos eventos das bandas e não ser um mero digitalbanger... Cabe a nós fazermos do Metal um meio sustentável e duradouro, mas para isso é preciso que quem está do lado do público entenda que uma banda não se sustenta apenas de likes na rede social... grato. Ahar Ethan!

Fotos: Arquivo da banda



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