Funérarium


Sempre é uma honra cada entrevista que aqui fazemos, mas esta é especial por ser a nossa primeira com uma banda internacional. Com muito orgulho falamos com o Kardec, mentor do FUNÉRARIUM, One Man Band francesa que faz um Atmospheric Black Metal cheio de melancolia. Em nossa rápida conversa o músico nos conta sobre a origem do projeto, as influências musicais, o processo de criação das composições, os planos futuros e outros detalhes. 

Confiram a entrevista e apoiem o Underground. Demais detalhes também podem ser obtidos no Facebook oficial do projeto.  

Apreciem, divulguem e prestigiem! 

Como surgiu a ideia de formar o FUNÉRARIUM? 

Kardec: O FUNÉRARIUM ganhou vida em abril de 2018, que foi um período bastante favorável para mim. Nos anos 90 eu toquei em pequenos grupos de Black Metal como tecladista. Naquela época minha vida estava limitada a tocar música e assistir a todos os shows de Black Metal que fossem possíveis. No início dos anos 2000, seguindo obrigações familiares e profissionais, tive que deixar a música de lado. O projeto de criar uma One Man Band já estava ali guardado na minha cabeça. Estava apenas esperando o momento propício.  

Por qual motivo optou em criar uma One Man Band ao invés de uma banda com vários integrantes? 

Kardec: Estou só e a criação de uma One Man Band, neste caso, é a melhor solução para mim. Além disso, eu não queria depender de ninguém neste projeto que é o FUNÉRARIUM. Isso também me possibilitou colocar as mãos no mundo dos softwares e de outras máquinas que eu não conhecia. Comecei com pouco equipamento. Isso pode ser notado na “Ouija Power”, a primeira demo. Aos poucos investi em novos equipamentos.  

Como funciona o processo de criação das letras e das composições? 

Kardec: Minha música é inspirada na minha experiência e no que eu observo ao meu redor. Trabalhei por muitos anos como agente funerário, acompanhava as famílias enlutadas e cuidava do embalsamento dos falecidos para deixá-los apresentáveis aos seus familiares. Além disso, sempre fui apaixonado pelo espiritualismo, pela parapsicologia e tudo o que tem a ver com este universo.  

Allan Kardec e sua doutrina sempre guiaram os meus passos e também desempenharam um papel muito importante em minhas composições e escritos. Eu era guia voluntário no cemitério Père-Lachaise, em Paris, local onde Kardec está sepultado. Isso para mim foi um grande privilégio. Por isso uso o nome Kardec. Esta também é uma das razões para eu me sentir muito próximo do povo brasileiro, pois sei que Allan Kardec é um nome importante e que a comunidade espírita é muito grande. Podemos encontrar uma referência a Kardec em cada um dos meus álbuns. Em "La Clepsydre" há até um cartão postal com sua efígie. 

  



Quais as principais fontes de influências musicais? 

Kardec: Minhas influências são diversas e vão desde compositores clássicos como Henry Purcell e Jean-Sébastian Bach até os grandes nomes da música francesa como Jacques Brel ou Léo Ferré. Quanto aos grupos de Metal podemos citar SATYRICON, EVOL, WALLACHIA, THEATRE OF TRAGEDY, HYPOCRISY, IMPALED NAZARENE. Estes me inspiram muito.  

Você já lançou diversos materiais. Fale um pouco sobre isso e sobre as repercussões que estas obras tiveram. 

Kardec: É fato que eu lancei muitas coisas em um tempo bastante curto quando eu comecei o FUNÉRARIUM. É como se eu tivesse uma granada de ideias na minha cabeça.  

No começo eu não era tão social e nunca tinha gerenciado um canal do YouTube. Daí eu comecei a fazer algumas postagens e compartilhar em determinados fóruns para obter algumas opiniões. Eu tive muitos feedbacks positivos do exterior, especialmente na América Latina. Tenho muito orgulho disso. Agora eu tenho fãs em todo o mundo: Estados Unidos, Canadá, Rússia, Brasil e Europa. Curiosamente sou pouco conhecido na França, mas há uma comunidade que foi criada em apoio ao projeto e isso me deixou muito feliz.   

Vamos falar um pouco sobre visual. Nas fotos vemos que você utiliza algum tipo de máscara ou maquiagem, correto? O que usa, de fato? 

Kardec: É uma máscara. É escura e fria como minha música, mas minha alma é muito mais. 

Chegou a realizar alguma apresentação ao vivo? Se não, há intenção? Comente também um pouco sobre os planos futuros. 

Kardec: Não há intenção de apresentações neste projeto. Eu prefiro o silêncio dos cemitérios e o conforto das funerárias, mas adoro conversar e trocar informações com os fãs nas redes sociais.  

Quanto ao futuro, há temas que eu gostaria de explorar, mas não vou adiantar mais nada sobre isso. Tenho outros projetos esperando para 2021. Temos o álbum “Umbra Angeli” que está para sair em 11 de maio. Será um trabalho mais épico do que os anteriores e creio que de maior sucesso. No momento estará apenas disponível em formato digital no Bandcamp. Por conta da epidemia do coronavírus não está sendo possível efetuarmos envios pelo correio, mas uma versão física deve sair quando tudo estiver normalizado.  

Para nós do VIOLENT NOISE é uma honra essa entrevista. Chegamos ao final e gostaríamos que você deixasse um recado aos fãs da sua música.  

Kardec: Eu que estou muito honrado pelo interesse de vocês em meu universo. Eu diria aos fãs para prestarem atenção neste período que está sendo mortal e não se esqueçam que há sempre uma luz na escuridão do FUNÉRARIUM. 

Nascer, morrer, nascer de novo e progredir continuamente. Essa é a lei.  

Fotos: Arquivo da Banda 



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