Insanitah - Entrevista com Paulo Marcondes
O INSANITAH é um trio de São Paulo que pratica um Death/Thrash
Metal bastante competente e com influência dos anos 80. Em 2016 lançaram “The
Mechanism of Forgotten Ages”, seu primeiro EP.
Realizamos uma rápida conversa com Paulo Marcondes,
guitarrista/vocalista do grupo. Ele nos falou sobre a trajetória da banda, a
repercussão do EP e os projetos futuros.
Confiram!
O
INSANITAH foi formado em 2005. Como se deu a ideia de criar a banda?
Paulo: Nós já vínhamos de outras experiências com diversas bandas. O Fernando
(baixo e voz) era meu amigo a bastante tempo, tínhamos tocado juntos em alguns projetos
e somando as influências que nós dois tínhamos individualmente, o
direcionamento foi fácil. Encontramos o Alex (bateria) em um anúncio,
descobrimos muitas afinidades musicais e fomos para o estúdio. No começo ele
veio acompanhado de um outro guitarrista, que embora fosse um excelente músico,
não estava pensando na mesma esfera musical que nós três estávamos, então em
pouco tempo firmamos a formação em um trio, que para mim é a configuração ideal
para o que temos em mente. A formação é a mesma desde então: Fernando, Alex e
eu (guitarra e voz).
Como chegaram no nome
do grupo e quais as principais influências musicais?
Paulo: Insanitah é um nome que eu carreguei desde meados
dos anos 90, esperando para usar em uma banda. Quando começamos a montar as primeiras
músicas, devido ao direcionamento que o trabalho estava tomando, concordamos
que teria muito a ver e o nome ficou.
Quanto
às influências, acho que as mais latentes são o Thrash dos anos 80/90 e o Death
mais “clássico”, se o termo cabe. Bandas como Slayer, Kreator, Destruction,
Sodom, Nuclear Assault, Death, Sadus, Atheist, Cynic, Bolt Thrower, Obituary
são exemplos do que enxergo mais claramente, mas ouvimos muita coisa, algumas
que tem pouco a ver com a nossa música, mas que acabam nos abrindo possibilidades.
Vamos falar agora sobre o “The Mechanism of Forgotten Ages”, o primeiro
e único trabalho de vocês até o momento. Como vocês chegaram na realização
desta obra e qual foi o impacto que ela teve na carreira do grupo?
Paulo: O “Mechanism” foi, como você disse, uma
realização para nós. Tivemos muitos imprevistos no decorrer desses quase 13
anos e passamos muito tempo inativos, então, quando resolvemos as diferenças,
ficou inevitável fazer um registro dos anos difíceis que atravessamos. Escolhemos
as músicas chave de cada momento e registramos em um EP todas as passagens que
tivemos. Foi sem dúvida o grande marco para nós, porque nos possibilitou
alcançar mais ouvintes, fez com que até nós mesmos começássemos a nos enxergar
como uma banda e sem dúvida nos colocou em um outro patamar, com condições de
chamar a atenção para o que fazemos. Foi um impacto muito positivo.
Comente um pouco sobre a arte da capa. Como chegaram a esta ideia e o
que quiseram passar para o público?
Paulo: A capa foi pintada por um grande artista de São
Paulo, Eduardo “Vidiabos” Viriato. Quando escolhemos o nome (que, aliás, foi
justamente pensado para “homenagear” uma das grandes épocas que vivemos, os
anos 80 e o começo dos 90, tentando refrescar a memória do ouvinte quanto ao
mecanismo que imperava naquela época, de bandas independentes, muita gente criando música nova de verdade e o empenho que
bandas-casas-público em divulgar esses trabalhos com muito menos recursos do
que hoje), começamos a procurar quem pudesse sintetizar isso numa única imagem.
O Denis Gomes do estúdio Furia V8, que foi quem gravou nosso CD, indicou o Edu,
e daí foi tudo muito rápido: conversei uns 20 minutos com ele por telefone e na
hora ele sacou a ideia. Mais 20 minutos depois ele me enviou uma foto da tela
já com o rascunho, nós demos o positivo e ele fez esse trabalho incrível. A
ideia de que alguma coisa da essência que tínhamos a décadas atrás tinha se
perdido e que é completamente necessário resgatar esse “espírito”, apontando
para o quanto toda a facilidade que temos hoje nos limita era a mensagem a ser
dada e, no meu ponto de vista, está bem representada. Inclusive pelo fato de termos
usado uma imagem pintada a mão como antigamente para ilustrar isso.
Hoje todos nós sabemos o quanto é duro para se manter uma banda. Quais
foram as principais dificuldades em conseguir se firmar por tanto tempo?
Paulo: Acho que é inevitável desanimar algumas
vezes. As bandas trabalham muito duro,
muito dinheiro é empregado, muito tempo e tantas outras coisas de uma vida
“normal” são deixadas de lado. É natural que um ou outro canse e vá embora,
porque fazer Metal autoral é uma luta diária e o retorno custa muito a aparecer
na maioria dos casos, e não estou falando de retorno financeiro, é falta de
espaço, de estrutura e, em algumas situações, de respeito. No Insanitah, o que
nos manteve e ainda mantém juntos é que estamos em constante processo de
composição, buscando fazer a melhor música que nossas possibilidades permitem.
Estamos fazendo isso há tanto tempo que hoje nos sentimos muito confortáveis em
gastar a maior parte da nossa energia na nossa música.
De forma geral, como vocês enxergam o Metal nacional nos dias atuais?
Paulo: É um grande momento para o Metal nacional, as
bandas estão mais profissionais, os trabalhos mais consistentes e todos nós
estamos enxergando tudo isso com mais seriedade. Ainda falta dar mais atenção
às bandas que estão procurando espaço, falta recuperar aquela sede que nós
tínhamos de conhecer música nova e ir aos eventos menores porque tem muita coisa
boa e original sendo feita, mas vejo um cenário muito otimista para o Metal
nacional num todo.
Há planos para lançar material novo?
Paulo: Sim, estamos finalizando o processo de composição
do nosso Full-length. Serão 9 músicas inéditas, já estamos acertando os
detalhes com estúdio para iniciarmos as gravações. Essas músicas foram escritas
no período de 2015 até 2017, e depois de ter feito o “Mechanism...”, que foi um
tiro no escuro, ficou mais fácil escolher o que entra no álbum, as melhores
maneiras de gravar, as diretrizes mais detalhadas. Procuramos nesse novo ciclo
estender mais os limites das possibilidades da nossa música com o cuidado de
respeitar nossa identidade. Estamos muito animados e ansiosos.
Finalizem deixando um recado para os fãs do Metal e da banda.
Paulo: Primeiro nossa eterna gratidão a todos que
fizeram do nosso 2017 um ano incrível, tivemos o prazer de tocar com bandas muito
competentes, conhecemos pessoas que fazem um trabalho sério, responsável e
indispensável para o meio, como você Pierre, tocamos em eventos muito legais,
boas casas e fizemos grandes amigos. Obrigado!
A todos os fãs de Metal, continuem firmes!
Essa correria louca, esse empenho, as noites mal dormidas, as infinitas horas
de ensaio, composição e gravação só existem para que possamos estar com vocês,
o grande combustível da cena. Acompanhem os eventos, compareçam aos shows e
fiquem ligados nas novidades. Abraço!